Halitose
é um hálito ruim. Há 7 níveis de hálito, que podem ser aferidos por equipamento
específico.
Todo
hálito é uma expiração.
Halitose
Fisiológica: é aquela de quando se acorda. Durante a noite, há uma diminuição
do fluxo salivar, que chega próximo a zero. A boca aberta e/ou seca gera
descamação epitelial das mucosas e consequentemente putrefação dessas células.
Além disso, como durante o sono passamos muitas horas sem nos alimentar, para
não entrarmos em hipoglicemia, o organismo para de quebrar carboidrato e passa
a quebrar gordura, então produz ácidos graxos. Os ácidos graxos têm cheiro de
manteiga rançada, e é esse odor que é liberado pela manhã via pulmões. Ao se
estimular o fluxo salivar após acordar e após se alimentar pela manhã, o hálito
vai embora. Se o hálito persistir é porque há envolvimento bacteriano para o
mau hálito.
Halitose Patológica: é
toda aquela que tem origem na presença de bactérias que não pertencem à flora
bucal saudável. Como é bacteriana, é contagiosa. A manifestação depende
diretamente do fluxo e qualidade salivar e da resistência da imunidade do
organismo. Causas possíveis:
Saburra: é
uma massa espessa, geralmente acastanhada, que se forma no dorso da língua.
Saburra é a manifestação de placa bacteriana oral ativa, que produz gases,
portanto tem odor. Há cerca de 500 tipos de bactérias diferentes na saburra. A
placa bacteriana da saburra é proteolítica e processa a mucina que é uma
proteína da saliva e também todos os restos epiteliais descamados, ricos em
queratina que também são proteínas. Da degradação dessas proteínas ocorre a
liberação das cadeias de enxofre que existem nas estruturas proteicas,
liberando compostos sulfurosos voláteis (CSV). Praticamente 100% dos pacientes têm
saburra.
Metabolismo e aparelho digestivo:
Halitose sistêmica é geralmente proveniente do intestino ou do fígado. É muito
agravada por alimentação gordurosa ou rica em enxofre (queijo, ovos, etc.).
Quando nos alimentamos, nós absorvemos várias moléculas sob a forma de cadeias
moleculares curtas (aminoácidos, ácidos graxos, glicerol, glicose, frutose e
outras substâncias) as quais são mais voláteis por serem mais leves, o que
favorece a eliminação pela via pulmonar. As moléculas de cadeias longas (proteínas,
lipídios e carboidratos), têm maior peso molecular, diminuindo a volatilidade
por serem mais pesadas, o que favorece a eliminação via renal e dérmica. O
fígado é o órgão responsável pelo alongamento das cadeias moleculares de curtas
em longas, o que diminui a eliminação dos gases sulfurosos produzidos na
digestão e que são eliminados via pulmonar e aumenta a eliminação desses
compostos via renal ou dérmica.
Quando
o fígado fica sobrecarregado, prejudica o alongamento das cadeias, favorecendo
a permanência de cadeias curtas, que são voláteis e, portanto, facilmente
eliminadas por via pulmonar. A deficiência hepática por hepatite, cirrose ou
neoplasia leva ao aparecimento do hálito hepático, conhecido
caracteristicamente como odor de terra molhada, peixe ou odor de rato.
Mesmo
que as estatísticas digam que 90% dos problemas de mau hálito são causados pela
boca, existem ainda 10% que são causados por problemas gastrointestinais, sendo
somente 1% do estômago e
9%
do intestino. Todo problema intestinal que provoque prisão de ventre ou diarreia
é causa potencial de halitose. Para qualquer um desses sintomas procure seu
médico.
Alimentação:
Longos intervalos sem se alimentar, leva à hipoglicemia, onde o organismo para
de quebrar carboidrato e passa a quebrar gordura, produzindo ácidos graxos. Os
ácidos graxos têm cheiro de manteiga rançada, e esse odor é liberado pela via
pulmonar. Além disso, o jejum prolongado pode levar à desidratação que leva à
saburra por diminuição do fluxo salivar.
Alimentos
como alho e cebola, ovos, queijos, carnes ou alimentos gordurosos, liberam
muitos compostos sulfurosos voláteis (CSV) quando digeridos.
Bebidas
alcoólicas aumentam a descamação epitelial, consequentemente formam saburra.
Também alteram a flora intestinal aumentando a putrefação intestinal.
Orofaringe: As
alergias geralmente afetam as vias respiratórias pelo excesso de produção de
muco. Quando o excesso de muco se contamina com microrganismos aparece a
halitose. Essa situação pode estar associada ou não a sinusites crônicas. No
caso da coriza, o muco serve de alimento para a flora bacteriana patogênica
capaz de produzir halitose.
Amigdalites
também estão associadas a liberação, pelo hálito, dos gases produzidos pelas
colônias bacterianas presentes nas amígdalas.
Cáseos: É
uma massinha mal cheirosa que se acumula na amígdala e possui a aparência de um
grão de arroz de cor amarelada ou esbranquiçada. Carregam consigo um odor muito
forte. Não existe uma estatística exata, mas as pessoas que possuem uma
amígdala parecendo um “saquinho” com furos maiores são mais propensas a formar
cáseos. Os cáseos são problemáticos em relação ao mau hálito, pois alojam
grande quantidade de bactérias, células descamadas e produtos de restos
alimentares. A formação de cáseos está relacionada à diminuição do fluxo
salivar
Fluxo Salivar: a
produção salivar normal é de 700ml/dia.
Pacientes
com boa salivação tem menos chance de apresentar halitose. Stress, ansiedade,
tabagismo, bebidas alcoólicas, diabetes, antialérgicos, medicamentos para
controle da pressão arterial, antidepressivos, antialérgicos, medicamentos para
controle cardíaco, descongestionantes, diuréticos, calmantes, antiácidos,
laxantes, anticonvulsivantes, antieméticos, antiespasmódicos, hipotensores,
bronco dilatadores, deficiência renal, baixo consumo de água, todos são fatores
que diminuem o fluxo salivar consequentemente aumentam a formação de saburra e,
portanto potencializam a halitose.
Outros fatores:
aftas, boca amarga (digelsia), boca seca, longos intervalos sem se alimentar,
cáries, ausência de dentes posteriores e doenças gengivais são outros fatores
que contribuem para a halitose.
Memória: a
deficiência de memória pode ser devido ao stress, preocupações e baixa
salivação de longa data. Quando a glândula salivar produz saliva, produz também
2 fatores (fator de crescimento nervoso=NGF e fator de crescimento
epitelial=EGF) que caem na corrente circulatória e agem nos receptores
próprios. O NGF está relacionado com a memória e já tem sido isolado e usado
experimentalmente no tratamento do mal de Alzheimer. Quando o paciente estiver
com memória deficiente, o tratamento para aumentar o fluxo salivar pode também
corrigir a memória. O mesmo pode acontecer com a pele, devido ao EGF. (as
glândulas salivares também são de origem epitelial).
DADOS:
No Brasil: de 25 a 40 anos = 30%
saburra e hálito
Acima de 50 anos= 85% saburra e hálito
Colaboração:
MARTA ELENA HADDAD - odontologia e acupuntura (crosp 52817)
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